quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DAVID PORTES - DE CAMELÔ À EMPRESÁRIO


“Quem fica na mesmice não acontece”. Essa foi uma das frases usadas pelo empresário David Portes para definir a essência do empreendedorismo, durante palestra ministrada em Pindamonhangaba, na noite desta quinta-feira (1°).
Conhecido como o segundo maior camelô do Brasil, David Portes foi trazido a Pindamonhangaba por uma parceria entre o escritório regional do Sebrae, o Sindicato do Comércio Varejista e a Associação Comercial e Industrial da cidade, que neste mês de outubro terá uma programação inteiramente dedicada ao empreendedor.
O gerente do escritório de Guaratinguetá, Augusto dos Reis Ferreira, esclarece que a intenção das palestras é justamente despertar o público da região para a questão do empreendedorismo. “É importante trazer esses palestrantes de renome para chacoalhar os nossos empresários, porque as oportunidades de negócio que podem surgir na região são grandes”, destacou.
Sob o ponto de vista do empreendedorismo, a palestra de David Portes passou ao público uma lição de vida, baseada na história do interlocutor, que começou a vida trabalhando como cortador de cana e hoje é considerado um dos melhores palestrantes do Brasil, reconhecido internacionalmente.



Marketing de projeção
Com mais de 500 convites vendidos, a palestra reuniu um grande número de espectadores. O público interagiu bastante com o palestrante, que mesmo fazendo cerca de 15 preleções mensais, ainda mantém a banca de camelô no Rio de Janeiro, onde teve início a vida empresarial, e faz questão de administrar as estratégias de marketing de seus negócios pessoalmente.
Durante grande parte da preleção, Portes focou a questão da criatividade. “Quando você é sucesso, vem outro e começa a te imitar, por isso tenho que fugir inteiramente do igual. É preciso criar, reinventar”, ensina.
Adepto das ideias arrojadas, o camelô revela que usa e abusa das promoções, desde o início das atividades da banca de doces, em 1986. Desde então, foram inúmeras criações, entre elas entrega em domicílio, atendimento em call center (na época um orelhão), passando por parcerias para a distribuição de brindes e serviços.
Pouco tempo depois que criou a banca, as promoções do camelô chamaram a atenção da mídia, sem que ele precisasse pagar por isso. As estratégias caseiras de marketing foram divulgadas até em uma renomada coluna social de um jornal carioca, disputando espaço com gente famosa.
Portes conta que as promoções caíram no gosto popular justamente por trazerem benefícios ao público consumidor. Na avaliação dele, itens como carinho, transparência, honestidade e qualidade são fundamentais na atividade comercial. O camelô acredita também que a simpatia conta muitos pontos a favor. “Um sorriso abre todas as portas, e as carteiras também”, brinca.
Portes costuma dizer que é necessário encantar para fidelizar a clientela. O encanto a que ele se refere está relacionado à criação de novos produtos e a tudo que agregue valor ao negócio. Até pequenas atitudes, como dar um pacote de biscoitos ao cliente que deixou o conteúdo que acabou de comprar cair no chão são importantes nesse sentido. “Eu hoje dou um passo para trás, mas amanhã dou um milhão para frente. Esse é o marketing de projeção”, explica.




Como tudo começou
Com muito bom humor, David Portes entreteve o público durante o tempo todo com piadas, distribuição de guloseimas e até mesmo com um game interativo, onde chegou a dar dinheiro aos participantes.
Com cerca de uma hora e meia de duração, a palestra do camelô teve seu momento mais emocionante quando Portes contou sua história de vida, narrando como foi em busca de seus sonhos, na Capital fluminense.
O ex-cortador de cana, que vivia em Campos (RJ), decidiu tentar a vida no Rio de Janeiro, onde arrumou um emprego como motorista. Sem muita sorte, foi morar na favela da Rocinha e logo ficou desempregado.
Recém-casado e com a esposa grávida, se viu morando na rua e sobrevivendo de bicos como faxina e a venda das latinhas que catava na praia.
Um certo dia, a esposa precisou de um remédio e ele não tinha como pagar. Resolveu pedir emprestado a um porteiro os R$ 12 do medicamento e, no meio do caminho para a farmácia, resolveu empreender.
Gastou o dinheiro na aquisição de doces e, três dias depois, havia conseguido não só o os valores  para restituir o amigo, como capital de giro para iniciar um negócio – a Banca do David.
Toda história de vida do David de Mendonça Portes pode ser conhecida no livro “Uma lição de vida e de marketing”, e também no DVD “Como transformar R$ 12 em R$ 120 mil mensais”.


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